Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

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domingo, 25 de maio de 2014

Resenha de Filme - Florbela

Florbela. Torrentes De Tristezas E Tragédias.
Uma mulher a frente de seu tempo. O maldito branco na hora de escrever. Um rosário de tristezas, mágoas e tragédias, entremeado por breves momentos de alegria e prazer. Pronto. Estão descritas as ideias principais do bom filme “Florbela”, de Vicente Alves do Ó, sobre a escritora portuguesa Florbela Espanca e sua atribuladíssima vida, que parece sempre estar no meio das mais negras tempestades.
O filme começa com a nossa personagem principal (interpretada por Dalila Carmo) numa tórrida cena de sexo seguida por uma violenta agressão que ela sofre. Logo descobrimos que ela trai o marido e o abandona, deixando o cônjuge aos prantos e entregue ao desespero. As lágrimas silenciosas da moça denunciam o seu remorso. Ela começa uma nova vida com o seu ex-amante e agora esposo Mário Lage (interpretado por Albano Jerônimo). Entretanto, o caráter altamente liberal de Florbela, muito à frente de seu tempo (a escritora era contemporânea da década de 1920), lhe trará os mesmos problemas com o seu novo marido. Ao saber que seu irmão Apeles (interpretado por Ivo Canelas) a espera, ela faz uma viagem para outra cidade ao encontro dele, deixando o marido sozinho em casa, algo inimaginável para a época. Quando ela encontra o seu irmão, percebemos duas coisas: que ele é aviador e que existe um vínculo muito forte entre os dois. As conversas entre os irmãos também revelam outros detalhes da trama: a escolha de vida dos dois é repudiada pelo pai, que não os reconhece como filhos; a moça está com pouca vontade de escrever (depois ficamos sabendo que ela está com uma tremenda crise criativa); e as divagações lusitanas sobre a amargura e a tristeza estão mais firmes do que nunca. O filme mostra também duas pérolas de pensamento na conversa dos irmãos, algo que soa mais ou menos assim: “viver é não ter a percepção de que se está vivendo” e “a dor que a saudade dos mortos nos provoca tem que doer mesmo, pois assim percebemos que estamos vivos”. Belos pensamentos sobre a vida e a morte.
O estilo avançado e despojado de Florbela lhe traz mais aborrecimentos do que alegrias e ela conclui que não sabe viver, pois não se enquadra nos valores de sua época. Muito sofrimento ela acaba trazendo para o seu marido, que a persegue, despertando a revolta da esposa. Mas uma conversa entre Mário e Apeles fará com que o cônjuge adote uma postura mais liberal com a moça, o que faz o casamento perdurar, mesmo que aos trancos e barrancos.
Outros dramas pessoais permeiam o filme: o complexo de inferioridade de Florbela com seus poemas, uma agressão sofrida por ela durante uma manifestação de rua, a morte da namorada do irmão, o desespero de Florbela em ver o irmão seguir a perigosa carreira de aviador, o que vai acarretar na perda de uma criança que ela espera, a previsível morte do irmão num acidente aéreo, que leva Florbela ao desespero total. Enfim, uma série de pancadas que a vida deu na moça. E qual será o lugar onde ela buscará refúgio? Justamente na casa dos pais, onde seu pai a trata friamente por causa de seus divórcios. Mas ir à casa dos pais pareceu algo premeditado, pois ela tentou o suicídio, atirando-se ao poço e foi salva pelo pai, que aparentemente se reconcilia com a nossa poeta. Ela retornará a casa do marido que, a essa altura, já a queria ver pelas costas. A moça ainda consegue voltar a escrever, mas vive somente mais três anos até morrer de tristeza, no dia de seu aniversário de trinta e seis anos. Somente depois de sua morte, o pai reconhecerá Florbela e Apeles como filhos.

Ufa, que história pesada! E real. A gente até sabe que nossa vida é feita de altos e baixos, mas parece que algumas pessoas têm a vocação para a tragédia, o que é o caso de nossa Florbela aqui. Após ver um filme como esse, a gente sai do cinema frustrado, pois presenciamos toda aquela dor sem poder fazer nada, e só podemos assistir a um rosário de sofrimentos que atira nossos personagens para o cadafalso. E, vivenciamos atônitos e impotentes, as dores reais de vidas já passadas e esquecidas. Valem as palavras de Florbela Espanca ao fim do filme: “Nossos mortos só morrem com a gente, mas eu não queria morrer com meus mortos”. Ou seja, nossos entes queridos falecidos estarão sempre vivos enquanto nos lembrarmos deles, mas carregar a dor da saudade é uma experiência que pode ser insuportável. É um filme que nos faz pensar, que nos ajuda a reencarar a vida e seus percalços. Carregamos seus personagens reais em nossos corações. 



Cartaz do filme.


Uma poeta elegante e a frente de seu tempo.



Crises criativas.


 Taras e sofrimentos.


Apeles, o irmão querido.


Inseparáveis, na alegria e no desespero.


Irmão que aconselha marido.


Últimos anos. Escrevendo com dores acumuladas.


A verdadeira Florbela Espanca.

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