Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

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quinta-feira, 30 de julho de 2015

Resenha de Filme - O Regresso dos Três Bêbados

O Regresso Dos Três Bêbados. Experimentalismo E Surrealismo Contra A Coreanofobia E A Guerra Do Vietnã.
Um filme de alto conteúdo político na mostra de Nagisa Oshima no CCBB. “O Regresso dos Três Bêbados” tem várias virtudes. É um filme com um quê de experimentalismo e surrealismo, tudo isso para fazer uma forte crítica social a um preconceito latente contra imigrantes coreanos no Japão e contra a guerra do Vietnã. Realizado em 1968, o filme conta a história de três amiguinhos japoneses que, bêbados, vão nadar na praia somente de cuecas, deixando suas roupas na areia. Enquanto eles tomam o banho (e voltam da água incrivelmente secos!) uma mão sai de dentro da areia (isso mesmo!) e rouba as roupas deles, colocando em seus lugares roupas de militares coreanos com dinheiro dentro delas. Os três rapazes, então não têm escolha a não ser usar as roupas dos militares coreanos, motivo suficiente para as pessoas chamarem a polícia. Em meados da década de 60, muitos militares coreanos foram convocados para lutar no Vietnã ao lado dos Estados Unidos. Assim, eles desertavam e fugiam para o Japão, que ficou inundado de coreanos, o que provocou uma situação de xenofobia e preconceito dos japoneses para com os coreanos. Assim, o filme brincava com isso, de forma bem humorada e surreal, ou seja, o surrealismo era usado na película para expressar a situação igualmente surreal da migração de coreanos para o Japão com o objetivo de fugir da guerra do Vietnã.
Nossos três amigos ainda vão encontrar os tais soldados coreanos que os obrigam a vestir suas roupas e que querem a eliminação dos jovens japoneses para tomar seus lugares. Assim, cercados de todos os lados, não podendo confiar nem nos japoneses, muito menos nos coreanos, nossos três amigos passam por situações escabrosas.
Vale lembrar aqui que o experimentalismo também é a vedete. Num momento do filme, os amigos entrevistam populares na rua perguntando se eles são japoneses. E todos dizem que são coreanos. E por que? Porque sim, respondem eles. Mas o experimentalismo assume tons bem claros, quando num momento da história, ela simplesmente volta ao ponto de partida (o banho na praia e a troca das roupas) e nossos personagens protagonistas têm a chance de testar novos caminhos na história (como se tivessem a memória do que já tinham presenciado na história anterior) para fugir de toda a enrascada em que se meteram. Como eles acabaram se envolvendo na confusão do mesmo jeito, eles optaram por assumir sua cidadania coreana, para espanto dos verdadeiros coreanos (mais uma vez aí a crítica contra a xenofobia dos japoneses). E tome mais surrealismo e situações engraçadas, com direito até a dois desses amigos vestidos de mulher. Mas foi o desfecho do filme a coisa mais magistral. Nossos três amigos no trem viam os militares coreanos, finalmente presos e deportados para morrer no Vietnã. Eles estavam algemados e com uma arma apontada às suas cabeças. E, por trás deles, um grande mural pintado com cenas famosas da guerra do Vietnã, como a de um rapaz algemado que teve sua cabeça estourada com uma arma bem à frente das câmaras. E os soldados coreanos do filme tiveram o mesmo fim, sob os olhos atônitos dos três amigos japoneses, que novamente ressaltavam seus nomes coreanos.

Definitivamente, essa é uma das películas de Nagisa Oshima de maior conteúdo político e crítica social. Ele decidiu usar o experimentalismo, surrealismo e humor para mostrar os absurdos de duas situações extremamente sérias: a guerra do Vietnã e a xenofobia no Japão da década de 60. A ópera do absurdo que foi o filme guardava em suas entrelinhas uma séria crítica que aflorou de forma bem clara ao fim da história. Definitivamente, um produto cultural à altura daqueles turbulentos e loucos anos da década de 60. Uma obra de grande valor de Nagisa Oshima.

Cartaz do filme

Uma patota muito doida... 


Tudo começou nessa praia


Coreanos de araque...


Situações inusitadas


Uma soldadinha suspeita...


Muito surrealismo...


... não sem uma dose de sensualidade...




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